quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Sobre pessoas e relógios.



Dessas muitas paixões que nutrem a infância de um piá, a minha sem dúvida eram os relógios, de marcas diversas e esquisitas até meu primeiro, teoricamente a prova de água, um "Seiko 5" que viria a falecer por afogamento no Procório, local dos saudosos banhos de rio, o fato, agora temporâneo é que tenho uma paixão descomunal por relógios, razão pela qual levei dia desses o mais velhinho de minha parca coleção para um pequeno reparo, com certa tristeza a moça responsável me disse: "É um mecanismo de excepcional qualidade, não existem peças ou componentes deste tipo nos dias atuais", o mais antigo membro da minha coleção então voltou para a gaveta. Nesse ano que se findou, onde uma perda irreparável levou parte de minha vida, lembrei, em uma comparação esdrúxula das palavras da "relojoeira": Não há peças de reposição, realmente não há mais peças de reposição e tristemente essa frase é aplicável ao ser humano, o mecanismo de "transferência" de valores e ideais está irremediavelmente danificado, as pessoas mais velhas estão partindo e levando  consigo as "chaves" para um mundo melhor...